[Ficha de Personagem] - Xexe, o 70º Nuibaba

"Xexe" é só um dos termos que o representa. Sabe-se que um Nuibaba despertado leva consigo o nome dos ancestrais, desse modo, sendo Xexe o atual septuagésimo representante, anterior ao seu nome existem outros sessenta e nove termos. É dito que quanto mais nomes um Nuibaba carrega, mais tempo de vida ele terá, talvez por isso já estejam a uma contagem bem avançada. Para simplificar, "Nuibaba" é o título que se dá ao Troll que desperta a habilidade sobrenatural de se comunicar com os espíritos ancestrais, ou seja, os chamados "guias". Sempre que um representante morre, outro desperta e o sucede imediatamente após passar por alguns testes entre eles. Geralmente são trolls com intelecto mais desenvolvido, providos de curiosidade e moção. Esses dons estão inerentes à necromancia, mas diferente das culturas do mundanas, para os Trolls um necromante é o porta-voz deles para com seus símbolos de devoção, não se tratam de deuses ou qualquer divindade, e sim dos membros falecidos de sua espécie cujo passado foi condecorado de alguma forma, seja por morte em batalha ou contribuição positiva para o clã. Esse motivo, somado ao fato do Nuibaba estar constantemente na escuta dos seus antecessores, faz com que sua figura seja respeitada entre os seus e que ele respeite acima de tudo àqueles que já se foram do plano físico — aqui chamados comumente de "dentes caídos, ou só caídos mesmo".

Xexe despertou após a morte do seu antecessor, Obasamdi, desde então tem "desfrutado" dessa honrosa posição no clã. A princípio ele realmente ficou contente por não ser só mais um entre os seus, por ter ganhado algum destaque, contudo, rapidamente foi percebendo que estar mais próximo aos mortos implica que viveria em função deles, logo, a sua vida foi perdendo a essência... a melancolia perpassava o abstrato e atribuía forma como um fardo para ele, sentia-se entediado e nada além dos comentários mesquinhos dos espíritos lhe dava um suspiro de graça. Então, Xexe gastava o seu tempo fazendo algo incomum para um troll: atiçando sua curiosidade. Saía dos domínios do clã e procurava observar os costumes alheios, suas vidas, rotina, gestos e afins, foi absorvendo as informações que mesmo desconexas atribuíam-lhe algum sentido após replicar os atos e/ou reações. Se fosse um troll qualquer seria retaliado por cometer um pecado tão grande que é praticar outros costumes que não sejam só os seus. Através disso, Xexe descobriu que, ainda que sua vida fosse sem sabor, poderia desfrutar de uma liberdade que pensou ser impossível. Todavia, gozar do conhecimento, nesse meio, tem seu preço; ele foi se distanciando dos seus princípios culturais inclinando-se para uma nova conduta, aquela em que há uma troca de favores por meio de um comum acordo entre as partes - "coisa dos humanos", eles dizem -, geralmente negociadas por algo de valor. Empregando essa relação entre seus iguais, Xexe conquistou prestígios e também muitos desafetos, ouviu-se boatos de represália as suas ações através de um motim, nada confirmado até então. O cúmulo foi culparem a maçã, o formoso fruto que acompanhava Xexe sempre que retornava de sua jornada avaliativa. Julgavam-na como maldita, ou mesmo amaldiçoada por feiticeiros tão poderosos quanto o seu próprio Nuibaba. Já o inteligível troll, por sua vez, considerava ela uma bênção, um símbolo de celebração da vida, cada mordida lhe proporcionava prazeres desconhecidos; o sabor adocicado, o único que ousara atiçar seu sentido, inspirou te pela busca incansável daquilo que desacreditava: uma vida em júbilo. Pode parecer uma motivação medíocre e abstrata, mas a medida em que vai experimentando novas sensações nesse quesito, vai acrescendo também suas noções limitadas de ambição. No que isso poderá se desenvolver? Só os guias dirão...