[Treinamentos] Ananke

Ananke chegou na Arena após comprar seu pergaminho, mas não viu nenhum sinal do grandalhão. Ficou satisfeita com sua compra, agora queria matar um bugbear para ter alguma carne para o almoço.

Decidiu que não iria perder tempo, precisava treinar seus poderes mágicos. Faria isso com pequenas manipulações de água, como já tinha treinado milhares de vezes no templo dos Necromancers.

“Tenho que sentir a humidade do ar se acumulando ao meu redor, depois concentro todo o poder em minha boca, como  se estivesse prestes a vomitar.”

Da boca da loira um cuspe negro saiu voando, mas ao invés de cair no solo da arena começou a levitar, graças a sua habilidade de manipulação de água.

Olhando ao redor a elfa percebeu alguns bonecos de palha. Eles tinham alguns alvos pintados em seu centro e a necromante achou que seria justo treinar seu poder mágico tentando destruí-los. Isso não deveria ser um problema, visto que eram feitos de palha velha e já estavam colocados ali para treinamentos.

Cuspiu mais um montante de água, dessa vez controlando com a mão esquerda. Seria muito fácil controlar aquela pequena quantidade de água, mas o complexo seria torna-la um instrumento mortal capaz de perfurar a palha, que aguentava até mesmo golpes de espada.

“Os golpe com água em geral são contundentes. Será um desafio destruir esses bonecos... Apesar de que eu não tenho conhecimentos de armas de corte ou até de flechas, não faço ideia como outros guerreiros o destruiriam. Se ao menos eu pudesse usar magias de fogo, com certeza ele já estaria no chão!”

Atacou com as pequenas bolinhas e acertou os alvos em cheio. O boneco chegou a balançar um pouco, envergando. Mesmo assim o golpe não era o suficiente. Alguns malditos Halflings estavam olhando o treino e davam risada. Os olhos de Ananke ficavam negros de ódio enquanto os observava e gritava.

Ninguém aceitava o desafio, mas aquilo incomodava a bruxa. Ela perdeu a compostura e até suas criações agora tinham caído na terra e sido absorvidas. O boneco continuava ali, parado e sem danos.

“Merda, meu controle emocional é outro ponto que eu devo trabalhar. Mas isso não agora! Preciso destruir esse boneco de alguma forma, mas sem utilizar nenhuma magia forte! Tenho que me treinar a ponto que a simples aplicação de minha mana já seja algo temível!”

A bruxa fechou os olhos enquanto levitava mais um cuspe negro. Tentou se conectar com o elemento, prolongando sua mana como tentáculos. Mesmo de olhos fechados, conseguia enxergar claramente a bolinha de água que levitava sobre sua mão. Também sentia o tato, como se um outro membro fantasma tocasse a superfície do material. Era sua mana.

Ananke então concentrou sua força na centelha de vida que tinha no peito. Seu reino de alma. Tentou transferir suas forças para a bolinha, queria que ela ficasse mais poderosa, mortífera. Ao mesmo tempo não faria isso com quantidade elemental. Queria fazer isso com sua força mágica bruta, algo que fosse inato a si mesmo, sem dores ou custos extras.

Quando abriu seus olhos vermelhos tinha certeza que dessa vez a pequena bolinha tinha destruído todo o boneco, nem precisava abrir seus olhos para saber isso, mas o fez para ter a confirmação.

No chão, o boneco de palha tinha se dividido em dois, com um pedaço para cada lado. Realmente a aplicação do poder mágico como um dano bônus poderia fazer as técnicas mais básicas e não tão cansativas da bruxa armas mortais. Instrumentos com os quais poderia lidar com inimigos mais fracos com facilidade. A sacerdotisa deu um pequeno sorriso de canto de boca enquanto olhava para o portão, impaciente por seu adversário ainda não ter chegado.

“É importante essa compreensão do que posso ou não fazer com minha mana. O simples fato de poder atrelá-la a outras magias de maneira a fortalecer seus efeitos ou seu dano é algo que me dá uma enorme vantagem perante a Ananke de outrora que não sabia sobre isso. Penso que minha evolução tenha sido muito maior do que parece. Com esse treinamento sinto que inimigos poderosos irão tremer diante meu nome.”

A jovem fez a pequena bolinha de água que estava em sua frente retornar, enquanto brincava e treinava suas capacidades de manipulação fazendo malabarismos com levitação. Quando a bolinha chegava ao solo, Ananke a levantava com força de levitação de água, apenas para repetir o processo. Quanto era uma aprendiz no templo esse método era muito usado para garantir a total atenção dos alunos e seu foco na magia, caso contrário a bolinha iria cair e molhar todo o ambiente.

Ficou por ali, sentada, esperando. Começava a ficar triste, porque realmente achava que se meteria em uma luta. Por outro lado, tinha ficado satisfeita com o que evoluiu em um treino rápido. Geralmente não era sempre que ficava tão mais forte tão de repente.