[Treinamento] Oz

Caminhei da Praça Central visando a encontrar um lugar menos movimentado e propício a evoluir minhas habilidades mágicas. Sem muita dificuldade, encontrei a área de treinamento, lugar perfeito para este fim. Era uma área bastante conhecida pelos aventureiros, que passavam boa parte de sua jornada ali praticando suas especialidades arduamente. Procurei achar um lugar desocupado, a fim de não incomodar alguém. Rapidamente encontrei uma elevação que dava acesso a uma pedra alta próxima ao lago. Subi no lugar e fiquei ali de pé por alguns minutos com os olhos fechados. Fiz um breve exercício respiratório, inspirando lenta e profundamente pelo nariz e expirando pela boca. Dizem que a correta respiração ajuda a manter o equilíbrio interno e, consequentemente, da mana. Tentei me sintonizar ao máximo com o ambiente, com minha vontade e comigo mesmo. Foi-me ensinado que um mago só será capaz de dominar a magia após dominar a si próprio. Sendo assim, terminei o exercício de respiração e voltei toda a atenção para meu interior. Senti a mana fluindo através do meu corpo e a energia do sol revigorando-me. Não passaram mais que dez minutos e comecei a sentir um incômodo. Era aquela presença maligna, que fora selada dentro de mim quando era apenas uma criança. Eu não vinha tendo essa sensação há anos, mas agora parece estar voltando mesmo que sutilmente. Felizmente, Lorde Barielle havia feito uma magia para enfraquecer este ser misterioso e também me ensinou a como silenciá-lo. Num instante fiz prevalecer minha verdadeira e pura essência sobre aquela vontade rancorosa que tentava em vão tomar um espaço na minha consciência.

Após isso, dei continuidade ao treinamento mágico. Desta vez, voltei um pouco mais da minha atenção ao exterior. Senti minha presença do local e a interação da minha mana a energia dali. Percebi o ar soprando minha roupa, batendo sutilmente contra meu rosto e remexendo meus cabelos. O vento simboliza a intelectualidade, e assim como a mente, viaja para onde quiser, ignorando obstáculos e seguindo a própria vontade. Sendo assim, alinhei minha essência a esses princípios. Imaginei-me como o vento, que tem o poder tanto de salvar velejadores da deriva no oceano quanto também de naufragá-los. Chegou um momento em que minha vontade coincidia com a vontade do vento, e me senti uno com o elemento da natureza que tenho maior afinidade. Tive a sensação de que minha mana poderia guiá-lo, ditando para onde soprar e com determinada velocidade.

Permaneci nesse estado, que mais parecia um transe, por algum tempo e finalmente abri meus olhos. Estiquei os braços para o alto e para trás, espreguiçando-me, e dei por finalizado o treinamento.