[Ficha de Personagem] Tharralk Stadrark

A história de um Bugbear muitas vezes se confunde com a história de todos de sua espécie. É uma raça constantemente subestimada, sempre taxada de inferior, principalmente na questão intelectual. Relacionada diretamente à violência irracional, ao sangue, à morte, ao caos. É de se esperar portanto que a socialização com as demais espécies seja bastante enfraquecida pela fama que os precede. E não se estaria errado em pensar desta forma... Tharralk sempre sentiu esta injustiça e o preconceito na pele, ironicamente até dentro daquilo que espera-se considerar um lar. O Bugbear cresceu presenciando sua própria espécie, talvez exaurida pelos julgamentos e movida pela pressão de uma cultura destrutiva já enraizada em sua sociedade, absorver para si os defeitos e vícios que sempre lhe foram impostos como verdade absoluta e, apesar de discordar e muito destes princípios, teve seu caráter moldado duramente por eles.

Os Bugbear, enquanto espécie, são bastante organizados como sociedade, não ficando nada para trás em relação aos humanos. Contudo, as divergências de pensamento e conflitos internos aliados à um temperamento difícil, geram há séculos uma tendência a ramificações de suas populações de forma explosiva, com um consequente espalhamento dos novos ramos por pequenos povoados ao redor do seu território de origem, no Leste de Eunum. Tharralk é fruto de uma dessas pequenas ramificações belicosas, instalada em um terreno agressivo e escasso de recursos. Seu clã, o Stadrark - ciente de sua desvantagem numérica e do risco que corria perante os demais clãs - investiu em uma estratégia de que o ataque era a melhor defesa. Com isso, construíram uma fama intimidadora diante de seus principais inimigos para tentar evitar investidas inesperadas e ao mesmo tempo mitigar a confiança dos adversários, principalmente graças a rara linhagem Harlyblood que possuíam em seu snague. Contudo, toda estratégia tem suas fraquezas...

O que os Stadrark não podiam esperar e, muito menos Tharralk poderia imaginar, é que os rudes Bugbear rivais ainda sabiam unir-se ao invés de apenas romper ligações e fragmentar-se cada vez mais. Em um raro movimento inverso, alguns clãs conurbaram-se em um grande exército, que foi capaz de exilar de Eunum, de uma vez por todas, o outrora poderoso clã. Evidentemente nem todos os Stadrark sobreviveram à diáspora e nem mesmo os Olhos de Sangue puderam salvá-los de um destino trágico. Reduzidos a poucos, os antigos guerreiros agora sem lar tiveram de recorrer à práticas antes inconcebíveis para sobrevier. Para o ainda jovem Tharralk não foi diferente... Debruçado sobre conhecimentos proibidos, o Bugbear aprofundou-se nas artes misteriosas da necromancia, afinal morte era o que mais vivenciara desde sempre, seja nos bons ou maus momentos... Sendo assim, foi dela que aprendeu a retirar os suprimentos necessários a sua sobrevivência e sucesso. Tornou-se um cidadão do mundo, sem lar e sem nação.

Não se sabe se foi pela sua história de vida, por uma condição própria de sua hereditariedade ou de sua linhagem ou a exposição prolongada ao estudo da necromancia, mas o fato é que Tharralk mudou sua percepção de mundo ao longo dos anos. Obcecado pela compreensão de sua situação, o Bugbear passou a teorizar e conspirar um futuro ideal. O que parecia uma utopia, foi construindo-se em sua mente como possibilidade, primeiro pequena e depois palpável. Quando considerou-se o centro de todas suas fantasias grandiosas e peça chave para sua elaboração e conclusão, já não havia mais volta... O jovem Bugbear passou de uma desesperançosa criatura sem rumo e de caráter deturpado a um megalomaníaco necromante com uma ideia fixa de falsa benignidade. Aos poucos Tharralk tornou-se o próprio messias de sua religião e não haveria bom-senso que o faria recuar deste novo objetivo de vida. Deveria ser um rei, um herói ou um deus? Por que não todos, afinal?! Só assim seria capaz de unir todos os povos, espécies e raças em torno de um único ponto de equilíbrio, ele mesmo! É baseado nisso que o Necromante vaga por Draconia, em busca das ferramentas e do momento ideal de finalmente, salvar o mundo.