[Ficha de Personagem] Diana Starshadow

A origem das Fadas é um mistério para a maioria do mundo, contudo as mesmas conhecem sua origem e história. Na maioria dos casos, nascem já capaz de pensar por si mesmas, após viver por eras dentro de flores sendo concebidas pela própria natureza, conhecem os arredores e o mundo, se adaptando e vivendo com grande facilidade sozinhas após pouco tempo, das poucas que nascem incapazes são criadas em regiões isoladas, donde crescem em auxílio de outros da mesma raça, guiando-os para um futuro brilhante.

Ao menos, é esta a resposta que Diana chegou após seus sete anos de vida, tendo buscado a resposta com alguns outros de sua raça, entre suas viagens e peregrinações, além de contos e histórias. Toda Fada entrevistada respondia que ou foi criada em algum local sigiloso, ou que nasceu sabendo do que precisava para sobreviver, porém a infância da jovem por assim se dizer foi conturbada. Após surgir por entre as pétalas de uma rara flor em meio a floresta, caiu no chão inconsciente e se manteve dormente por dias até que a chuva lhe ressuscitou, acordou ofegante e acuada, olhando para um mundo desconhecido, sem ter a menor ideia de quem era, onde estava ou até mesmo o que era, a primeira coisa que aprendeu foi sobre o frio, sem roupas enquanto recebia as gotas da chuva começou a sentir seu corpo tremendo pelo contato da mesma, ainda assustada começou a se arrastar no chão indo próxima de uma árvore para evitar a água que caia do céu, acreditando que aquilo era a causa da sensação, a terra se mesclando em suas pernas foi outra sensação, e a cada rastejo que a fada realizava, sentia-se cada vez mais perdida.

Percebeu que sua boca exalava uma fumaça, e por coincidência ao tentar compreender o que era emitiu um som, dentro de sua cabeça a mesma voz que saiu de sua boca ressoava, porém aquela voz também não sabia nada. Escorada numa árvore sem roupas, encolheu-se esperando a chuva passar, naquele meio tempo percebeu como a água caindo no solo fazia o mesmo amolecer e se soltar, começou a entender que aquela coisa destruía o que tocava, por mais de duas horas ficou contemplando a floresta, suas mãos e detalhes, suas pernas e corpo em geral, quando a chuva finalmente parou a vida na floresta começou a voltar, se movimentando pela área um cervo galopava, a postura do animal lhe deu a ideia de tentar imitar, ficando de quatro começou a se mover com mais eficácia, mas sentia que não era o correto, parou tentando entender o que estava fazendo de errado quando sentiu algumas gotas caindo em sua perna, olhou para trás e percebeu que de seu corpo saíam asas, algo que até agora não havia notado.

Tocando-as, notou que a fina camada era resistente, quase imperceptível ao olho molhada, mas estava lá, sabia como mover seu corpo inconscientemente, contudo não entendia como movimentar aquelas asas, mexia os ombros diversas vezes em frustração por não conseguir, num grunhido de raiva descobriu novas emoções e moções, sua asa havia finalmente se movido. O Mundo parecia num ritmo acelerado, as asas batendo criavam um som único e começaram a erguer o corpo da pequena Fada, suas pernas ficavam a alguns centímetros do chão enquanto o corpo parecia suspenso pelas mesmas, desceu lentamente tocando a sola dos pés na terra e ficando em pé pela primeira vez.

Demorou um pouco para compreender os fundamentos de andar, perambulou perdida pela floresta até encontrar um lago, se aproximou do mesmo e pela primeira vez viu seu rosto, seus belos olhos e cabelos, abriu um sorriso sentindo-se agradada pelo que via, entendeu imediatamente que era seu reflexo naquela superfície, tocou com o palmo na água e a imagem se desfez, junto com ela uma coloração marrom começou a tomar conta por alguns instantes do lago, e seu palmo outrora marrom ficava novamente num tom claro. "Ah, então é assim que funciona. O coiso de baixo se desmancha pro coiso de cima."

Por alguns instantes ficou parada, até perceber que havia falado e não pensado, novamente sua boca produzia sons, mas dessa vez faziam sentido. Ela sabia o significado de palavras, mas não conseguia lembrar fundamentalmente de nada, sua cabeça começou a doer pelo tanto que começava a passar rapidamente, com os olhos cerrados fortes levou os palmos até a cabeça, segurando-a como se fosse explodir, gemendo baixo pela incomodação que sentia encolheu os ombros, tremendo os braços e fazendo a respiração ficar mais ofegante. "Di...ana arGHH!"

Balançou a cabeça, tentando tirar os pensamentos de lá, e de algum modo funcionou, a única coisa que se lembrava era de um nome, Diana. Quem era Diana? Ela precisava encontrar a Diana? Como a Diana se parecia? Diana era uma pessoa mesmo? Tantas questões iniciavam uma pontada atrás de sua cabeça, e então deixou tudo de lado, mergulhando o corpo por completo no lago sem qualquer pudor, assim saindo sem qualquer sujeira. Ao olhar para o céu azul, percebeu que o sol começava a ficar fraco, e sentia certo conforto naquilo, novamente descobria algo, uma sensação forte que rugia incansavelmente, se remoendo como se rolasse por dentro de seu corpo, em sua barriga parecia que animais haviam entrado e brigavam, não entendeu do que se tratava, tocou seus lábios com cuidado e percebeu como eles estavam secos, sua pele por ficar tanto no lago estava enrugada, o oposto.

Por simples raciocínio lógico, começou a beber a água, e no mesmo momento compreendeu que precisava se alimentar, mas comer o quê? Andou até um tronco de árvore, arrancando um pedaço de casca e mastigando, era horrível e cuspiu por repulsa, tentou uma folha e a mesma era mais aceitável, estufou-se com elas e continuou seu caminho pela floresta, todavia não tardou para sentir algo novo, novamente na barriga ela se revirava, agora diferente, como se estivesse prestes a explodir, em seu seio conseguia sentir uma pressão única e repentinamente seu corpo se curvou, o processo de comer era reverso, e de sua boca saía uma gosma esbranquiçada com folhas, a água que havia bebido era a única coloração de seu vômito, além do leve esverdeado das folhas. "Ah, isso não pode, é?"

Talvez a floresta estivesse cuidando da Fada, ou talvez um simples acaso do destino a guiou para um tipo de primata que andava em duas pernas rapidamente, espantada ela copiou os movimentos e com facilidade aprendeu a correr, seguindo o monstro percebeu que ele havia pego alguns frutos avermelhados e consumido, ela decidiu repetir o processo, acreditando que aqueles não seriam expelidos novamente, e sentiu-se mais assegurada quando ao prova-los, o gosto era infinitamente melhor que casca ou folhas. "Hmm hmm, coisinha é muito melhor que o resto."

Passou algumas semanas aprendendo como sobreviver na floresta, uma tarefa simplória para alguém que compreendia toda a essência de viver, apenas havia esquecido. Instintivamente, em uma semana a fada avançou o equivalente há dez anos de um humano em aprendizado, aperfeiçoando sua fala para um tom de qualquer humano adulto, se movendo com destreza e masterizando até seu voo, compreendendo o que era ou não comestível, sobre o dia e noite, a passagem de tempo, a funcionalidade dos elementos e fenômenos da natureza, mesmo que chamasse a maioria das coisas pelo nome incorreto, foi então que encontrou o primeiro ser racional em suas viagens, uma Nekomata que estava de viagem pela floresta até a cidade, a mesma se espantou por encontrar uma pequena garota nua perambulando sozinha a floresta, quem dirá uma com asas, se aproximando da garota indagou se ela estava bem ou perdida, por um instante a Fada parou, levanto a cabeça como se procurando outra voz em sua consciência — Que agora ela chamava de Diana — Você... fez auwllll? — A Nekomata inclinou a cabeça para o lado, não entendendo o que ela queria dizer com uivar, por educação questionou à fada "O que você quis dizer?" para o qual a mesma respondeu; "Isso! Dizer, você dizer? Você dizer sim, eu entendi. Não sabia que tinha mais treco que tinha Diana."

A Nekomata começou a rir, não entendendo nada que a Fada dizia, mas disso ela conseguiu compreender que a garota não sabia se comunicar corretamente, ao menos não sabia o que cada palavra dizia "Ah bom, Diana é seu nome então? Acho que você precisa de algumas roupas, mocinha."

A Fada balançou a cabeça, dizendo que não, ela não era Diana, era? — Diana?? — Perguntou apontando para si mesma, a Nekomata afirmou com a cabeça, dizendo que sim. "É, você Diana precisa de roupas." E então ela puxou os panos que cobriam o seu corpo, Diana olhou para si completamente desnuda e não entendeu, nenhum dos animais por lá usava algum tipo de traje. A Nekomata ajudou a garota a se vestir, dando uma camisola longa o suficiente para se tornar um vestido curtinho nela, e ofereceu para Diana leva-la até a cidade, onde poderiam ajuda-la.

"Ajudar? No quê? Eu vivo aqui, floresta é mar." — A Nekomata novamente soltou uma gargalhada, mas se conteve logo no início dela, corrigindo a Fada. "Lar. Mar é bastante água." a Fada então abriu os olhos, apontando para dentro da floresta no lago que se banhava. Sim, tem mar aqui!

A Nekomata estendeu a mão para a Fada, tentando a guiar enquanto ia explicando um pouco sobre as coisas, Diana aceitou o aperto e foi sendo guiada como uma criança perdida. "Aquilo é um lago, mar é beeem maior, como se fosse um lago do tamanho de toda essa floresta. E ele é salgado, então não dá pra beber."

A viagem durou dois dias, e nesse tempo Diana aprendeu muito com a Nekomata chamada Lis'naka, diversas coisas que chamava errado e diversas que sequer sabia que possuíam nome, quando chegaram a Martis a felina levou a garota até o templo, lá seria a sua próxima casa por quase dois anos.

Se passou um ano em que Diana havia chego a Martis, ainda mantinha contato com Lis'naka em ocasionais visitas, o templo a ensinou a ler e falar, não que tenha sido uma tarefa árdua, para alguém já alfabetizado era quase como mostrar uma língua nova similar a da sua língua mãe, porém Diana não aprendeu só isso, como uma boa parte de Geografia, Economia, Poderes e elementos, Sociedade, Costumes e muitos outros, mesmo que para a maioria fosse difícil de gravar, não sendo coisas que vieram de sua nascença consigo, grande parte foi aprendido com sucesso. Foi numa fatídica noite verão que Diana enquanto passeava pela praça de Martis, viu uma estrela única piscando, a mesma parecia chamar por ela, alucinada por aquela visão ficou parada no mesmo lugar por horas observando o céu, sua cabeça começou a doer mais e mais com o passar do tempo, e sua consciência novamente falou consigo sozinha. "Diana Starshadow, você foi renascida perante o eclipse do luar, um corpo que carrega poderes únicos. Você sabe, não é? No fundo, que você é especial."

Ao abrir os olhos, Diana estava na cama do hospital de Martis, aparentemente havia colapsado na noite e só acordado pela manhã, mas ao acordar ela finalmente havia lembrado de algo de seu passado, ela não havia nascido naquele dia, sua origem não era daquela floresta e seu corpo não era tão jovem quanto aparentava, a flor que lhe trouxe a vida não jazia no ambiente em que acordou, apenas a lembrança de sua nascença que preencheu aquele momento, paralisada por alguns instantes esticou a mão, e dela começou a moldar suas sombras como uma leve fumaça que subia. — Faz cinco anos... Starshadow. Diana Starshadow, alguém sabe o que isto significa? — Os curandeiros ficaram espantados, a Fada que sempre foi muito tímida e doce, avoada e alegre havia mudado subitamente de personalidade, ninguém sabia a resposta para a pergunta da mesma, nem mesmo ela. A única coisa que havia conseguido lembrar era sua idade e nome, algo havia ocorrido há seis anos atrás que lhe fizeram perder a memória. "Agradeço-lhes por ter me guiado, se não fosse pelos esforços mútuos por uma desconhecida, eu ainda seria uma macaca vivendo na floresta."

Arrumou suas coisas do hospital e foi de encontro àquela que lhe salvou, Lis'naka. Não foi difícil a encontrar, por sorte a mesma se encontrava na cidade, a garota contou que havia lembrado de algo, não sabia do que, mas que ela possuía na realidade seis anos, e não um, que ela carregava consigo uma linhagem única, e que por fim, seu nome completo era Diana Starshadow. A Nekomata ficou um pouco confusa, mas ainda não sabia o porquê Diana lhe buscou, e foi então que a jovem explicou; Eu preciso aprender como você sobrevive, eu fui fraca uma vez, e isso quase me custou a vida. Preciso aprender a me defender, e já vi você usando adagas, teria como... me ensinar?

A Nekomata ponderou por alguns momentos, até que decidiu aceitar, por meses ela ficou em Martis, treinando o físico de Diana, seus movimentos e reflexos, suas habilidades com a adaga e sua perícia em combate, polindo seus instintos inexistentes em de uma combatente, uma guerreira de verdade. Diana não era apta naquilo, porém se dedicou ao máximo para isso, não lembrava de nada, mas sabia que algo havia a derrotado uma vez, e não planejava deixar isso ocorrer novamente. Seus treinos não se limitavam para com adaga, começou a cada vez mais treinar as habilidades com sua linhagem, e buscar qualquer meio para evoluir e crescer, após os seis meses de instruções diretas, a Nekomata voltou a suas viagens, em poucas Starshadow ia junto treinar, na maioria a garota se mantinha em Martis treinando seu corpo.

Um ano se passou entre treinos, e Diana parcialmente havia até esquecido do seu motivo inicial para treinar, a única coisa que almejava era se tornar mais forte, obter mais poder, quanto mais poderosa ela se tornava, melhor ela se sentia, como? Sua timidez havia se esvaído, ela tinha uma confiança absurda, não temia mais expor sua opinião e brigar por ela, e quando chegava a brigar de verdade, conseguia subjugar seus oponentes, o sentimento de os deixar no chão a satisfazia, pegou um gosto, um vício por causar dor aos demais, oprimindo os que eram mais fracos e se opunham a ela. Com o dinheiro por seus serviços e missões, começou a desfrutar de ótima comida, ter seu próprio quarto, aprendeu os prazeres da vida, e percebeu que dinheiro era tão importante quanto poder, contudo não adiantava de nada possuir dinheiro sem poder, pois mesmo que dinheiro possa comprar poder, ainda se está a mercê dele, porém com poder, pode-se ter tudo, e Diana queria tudo. Sua tutora não sabia inteiramente de suas intenções, contudo até mesmo a relação delas se distanciou após a súbita independência da Fada, ela havia se tornado uma adulta por completo, e seu objetivo era um único e simples; Poder.