[Conto] Diana Starshadow

HP: 250/250 MP: 250/250 EG: 00/03
X Gonna Give it to ya

Explosões, luzes fortes e rápidas trocando incansavelmente, barulhos altos de estrondos rodeando o ambiente, um zunindo alto no ouvido, boca seca e gosto de areia na boca, calor inexplicável, visão turva e corpo dolorido.

Abrindo os olhos e se esforçando para focar a visão, conseguia perceber um paredão, não, era para cima, um teto? Virando o rosto sua cabeça parecia prestes a explodir, uma iluminação muito forte a fazia fechar os olhos momentaneamente, reacostumando-se com a claridade repentina seus olhos lentamente se abriam, enxergando através das chamas alguns semblantes, seu corpo se recusava a obedecer de maneira satisfatória, era tortuoso mover algum membro, lentamente conseguia girar-se e se apoiar, ficando de joelhos e mastigando a areia dentro de sua boca, um pouco de sangue no chão, não, muito sangue no chão.

Sua respiração estava fraca, tentou se erguer completamente, porém não conseguia, grunhido ao cair e chamando a atenção dos vultos, soltando uma risada que enchia a caverna, a figura começava a se aproximar. — Oh céus, você ainda está vivo? Que desprezível, por que não morreu logo? — Disse a figura, finalmente se revelando, contudo não era possível decifrar nada de seu semblante, graças a longa capa preta que vestia, além de um capuz. Sacando a lâmina, se agachou e fincou a mesma no tórax, fazendo uma dor estonteante tomar conta de si, tremendo e gritando enquanto tentava arranhar o braço da atacante, que já havia retirado a mão com a adaga, o corpo começava a entrar em choque, a visão turva escurecia-se e então um frio repentino.

— Essas criaturas repugnantes demoram demais pra morrer. Ao menos eles carregam uns anéis interessantes, dá pra revender por alguma grana em Martis. — Disse a Fada, para o outro semblante além da fogueira, um felino homem que conjurava um tipo de magia estranha para ela. — Eai, tá pronto pra voltar pra cidade? Acho que chega de Golluns por hoje. — Ela proclamou, retirando o capuz e demonstrando suas feições suaves e gentis, com um olhar impaciente para o seu novo parceiro, o rapaz deu de ombros, erguendo-se e apagando a fogueira numa simples menção com a mão, partindo para fora da caverna em conjunto dela.

A viagem de volta para Martis sobre o manto da noite era tediosa, não acontecia conversa alguma entre a dupla, era sua primeira interação juntos, haviam se encontrado no bar e pego a mesma solicitação de missão, graças a isso a Fada foi obrigada a dividir a recompensa com o felídeo, ao menos não havia se esforçado em nada para limpar aquela caverna, era dinheiro fácil e rápido, com segurança garantida, não havia motivos para reclamar, mas certamente não faria parceria com ele novamente. Barulhento demais lutando, quieto demais no resto, o total oposto da garota, que trabalhava silenciosamente cortando seus inimigos, enquanto conversava muito fora de situações de risco.

Passando pelo cemitério de pedra, o clima mudava um pouco, era como se aquele local fosse o mais gélido de Alfesia, ao menos dos arredores de Martis, a cidadela podia ser vista de longe, as luzes em meio a escuridão são facilmente identificada há vários quilômetros desde que seja uma planície, e as terras férteis eram bem retilíneas. — Então... não me importo com o silêncio, mas já tá meio estranho. — Proclamou em tom alto, sem qualquer vergonha, tentando instigar o meio gato a pelo menos puxar alguma conversa naquele trajeto, ele contudo, respondeu com apenas um hm, e seguiu andando em silêncio, a fada suspirou e decidiu que se era assim, não iria acompanha-lo, alçando voo e partindo na frente.

O que não esperava, contudo, era que o rapaz aumentasse o ritmo também, seguindo-a acelerado, ela começou a voar cada vez mais rápido, e ele adotou uma posição de quatro, correndo abaixo dela no mesmo ritmo, a Fada focou-se mais na corrida que no chegar, e em questão de instantes estavam nos portões, com a respiração levemente ofegante, ela pousou, e sem trocar qualquer palavra, adentrou na cidade com o homem, seguindo até o ponto necessário para receber a recompensa, era uma casa grande o homem que havia contratado seus trabalhos, com dois andares, um telhado peculiar e uma pintura esverdeada clara, uma casa bem chamativa considerando as estruturas gerais de Martis, o homem por si só já era peculiar o suficiente para ser identificado em meio a uma multidão, baixo, bem baixo, e com uma barriga enorme, parecia extremamente velho, mas dizia não ter mais que 50 anos, usava um chapéu longo e curvado, todo amassado, trajes similares a de um cozinheiro, mas ao invés de brancas, laranjas. Era estranho, definitivamente, contudo isso só se tratava de sua aparência, em personalidade era um velho comum, quer dizer, homem comum, com atitudes gentis e cordiais, tratando respeitosamente os dois aventureiros ao baterem em sua porta, recebendo os anéis solicitados e pagando a quantia, com um bônus até, oferecendo alguns biscoitos e bêbidas, Diana jurou que o gato negaria, mas aceitou com um murmúrio e incomodada por se manter na presença do mesmo, negou a comida que pretendia ter de graça e se retirou, indo para seu quarto há alguns quarteirões dali.