dracôniaFórum RPG de Fantasia
Dracônia, H790O mundo pareceu não ter se curado da guerra entre os anões e as tribos bestiais. Formalmente o tratado de paz assinado pelos embaixadores dos quatro continentes garantira a paz entre as raças que caminhavam pelo mundo de Dracônia, mas o clima que impregnara-se no ar após a carnificina era de desconfiança e cautela. A cidade de Martis era um símbolo da paz conquistada; reunia os aventureiros de todas as partes do mundo, sem preocupar-se com religião, raça ou rivalidade clânica. Todos os dias novos aspirantes a herói e heroína partiam da cidade, carregando sonhos e objetivos únicos, mas os maus presságios pareciam só aumentar conforme o tempo passava. Tempestades infindáveis vindas do leste. Vulcões em erupção a oeste. Povoados inteiros desaparecendo ao sul. Algo maligno parecia avizinhar-se de Martis, como um predador que encurrala sua presa.
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[Treinamento] Punhos.

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[Treinamento] Punhos. - Ter Out 15, 2019 5:23 pm

O ranger sempre me irritava, portanto buscava abrir aquela porta com cautela. Mas nunca adiantava e o som decrépito da madeira estalando saia sem amarras, ecoando por todo o bar e, claro, consequentemente virando todas as atenções para mim. Escondi o rosto nas sombras instintivamente. Os guardas do portão não me reconheceram mas não poderia gozar da mesma sorte com a ralé, poderia? Não, é claro que não. Essas são as pessoas com as quais lidei por grande parte da minha vida. São traiçoeiros, cobras prontas para o bote. Invisíveis perante o alto escalão, invisíveis perante qualquer nível civilizado da sociedade, eles ainda assim não deixam de ser úteis. A maquinaria do submundo não funciona sem seus bons pequenos peixes, homens sem nome e sem passado interessados somente no agora, sem preocupações acerca da velhice. Dê-me um trabalho, me pague e eu vou embora. É tudo que pedem.

Sentei-me numa mesa ao canto, onde a luz não me alcançava e eu era deixado à escuridão solitária. Ao fundo, na porta que deveria levar para o estoque, um movimento incomum. A bateção de pés cruzando os pisos de madeira tornava impossível se concentrar em qualquer coisa senão a cruzada constante de transeuntes, que atravessam a porta de vai-e-vem com pressa já de fechá-la atrás de si. A explicação me pareceu óbvia. Deram outro uso para o subsolo. O calor, a sensação de claustrofobia que o local me invocava. Sentia saudades de me sentar lá e planejar por horas a fio, pedindo sugestões para cobrir essa ou aquela falha. Levantei da mesa e caminhei até a porta, passei por ela e fui até os fundos do estoque. Barris empilhados cobriam a visão da entrada a partir da porta.

Lutas clandestinas. Me candidatei. Porque o fiz? Não sei, mas o fiz. Tiraram-me a camisa e ficaram as adagas expostas. Nem lembrava-me delas na cintura, de modo que as deixei numa mesa ao canto, onde repousava também um garrafa de alguma bebida alcoólica. Nunca tive gosto pelo álcool. O gosto amargo me descia pela garganta e logo ficava eu intoxicado, enjoado, com ânsia de vômito e a cabeça pesada. Yurei e álcool. Nunca foi boa combinação. Mesmo assim, é a bebida de preferência da grande maioria dos cidadãos de Martis, incluindo não somente os do submundo. Mesmo os nobres tem um apreço pela coisa, ainda que bebam versões refinadas, como um líquido roxo de tom escuro e com cheiro de uvas.

O homem que eu estava prestes a enfrentar, ali mesmo naquele salão subterrâneo em que planejei por vários dias e noites os mais variados atos, era grande. Mas apenas isso. Grande e nada mais. Seus músculos eram como os meus, compactos e discretos, sequer eram definidos. E sob meu escrutínio ele devia ter pensamentos iguais. O torso nu tremia ligeiramente, falando de mim agora, pois o vento descia as escadas e vinha beliscar-me no flanco esquerdo. Um sopro de vento em particular, pensei, foi como um profeta anunciando um golpe futuro, os dedos se impelindo contra minhas costelas e eu me afastando involuntariamente, sentindo a dor atingir. Alguém gritou algo ininteligível, mas meu adversário pareceu entender e com isso entendi também: a luta havia começado.

Enrijeci os ombros, subi os punhos e os mantive próximos do rosto. Não movi os pés, enquanto que meu algoz dava passos pequenos e rápidos de um lado para o outro, tentando me incitar a movimentação. Segui parado até que veio o primeiro soco contra minha bochecha. Foi um bom teste — a velocidade dele era muito similar a minha, talvez fosse até mesmo equivalente. Dancei para o lado e aproveitei a deixa para uma finta com a mão direita — supus então que ele estivesse pensando, me analisando, e o mais racional seria supor que eu era destro, afinal a maioria das pessoas era destra e ele não contaria com o fato de que ambas as minhas mãos, cortesia de uma vida de sobrevivência dia-após-dia nas ruas de Martis, eram mãos hábeis — e ele vacilou para trás. Minha mão direita atingiu seu queixo como um ferrão, rápida e precisa, onde tinha de atingir. A vermelhidão sobre meus dedos foi imediata, assim como a dor lacerante que senti. Porém investi pouca força no golpe e ele estava rapidamente recuperado, voltando para me alvejar com uma vigorosa sequência de socos. Escapei de alguns por pouco e outros me atingiram: um na costela esquerda (como havia sido previsto mesmo antes do início do combate); no centro do abdômen; na base do maxilar, à direito do rosto (golpe sem força, dado com a mão ruim). Não revidei de pronto. Senti que ele se cansava, tendo queimado muita energia para me bombardear com seus últimos socos. Comecei a queimar minha energia, dançando ao redor do ringue que era delimitado pela plateia ensandecida, que parecia estar mais no furor da batalha do nós que estávamos ao centro; eles gritavam de sair baba da boca, gesticulavam agressivamente e só não saltavam à arena também porque retomavam o juízo logo no exato momento. Esquivei-me de mais um ou dos golpes antes de ele se cansar por completo. Já tinha perdido toda a postura, o andar meio cambaleante, os olhos visivelmente pesados. Desleixado, todo desleixado, a postura desleixada. Dei o golpe de misericórdia. Com a mão esquerda, claro, outro soco em seu queixo com minha mão direita e provavelmente teria alguns dedos quebrados. Ele caiu para trás e foi segurado pela plateia, cuja fúria havia aplacado com o fim iminente.

O que foi isso? Um exercício acho. Testando as águas. Infelizmente, a lei que funciona com essa gente é a lei da selva. Se fossem de outra mentalidade tudo seria tão mais fácil, sequer precisaria me reafirmar de tal forma, me expondo a riscos. Apenas o nome Yurei invocaria o respeito necessário e me colocariam em meu lugar de direito. Mas acho que foi bom. Foi sim. No fim de tudo, tenho novamente um propósito: não exatamente me reerguer mas seguir esse caminho, ser um mercenário ou coisa do tipo agora que sigo sozinho.

Peguei minhas adagas e minha camisa. Antes de me vestir, me entregaram uma toalha. O garoto que o fez devia ter uns dez anos, onze no máximo. Lembrei de mim mesmo naquela idade. Dei um tapinha em seu ombro. Sequei o tronco, depois as costas, na nuca e abaixo do queixo, parte da frente do pescoço, testa. Depois me vesti. Sujei a camisa com sangue. Não fazia mal, em breve compraria outra. Ou não, talvez não tão breve assim. O dinheiro tinha acabado com o par de adagas e aparentemente não existia prêmio algum para quem ganhava a luta, somente para quem apostava. Devia ter apostado em mim mesmo, mas com que dinheiro? Enfim, saí de lá.

Hp: 250; Mp: 550; Energia: 0/3.

Spoiler:

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Kvothe
Kvothe
[Treinamento] Punhos. Eh9xCLR
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Kvothe
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Re: [Treinamento] Punhos. - Ter Out 15, 2019 5:44 pm

@Aprovado
Obs: Desde que entrei o solo são 1 ponto por 400 palavras. E o em grupo 2 pontos pro cinco turnos de 200 palavras cada. Não sei se era diferente antes.

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